Dados do Trabalho
Título
O PAI QUE EU NAO QUERIA SER
Introdução
A sustentação teórica do presente caso pretende mostrar que sujeitos vitimados em diferentes situações traumáticas de grande magnitude, são impulsionados a buscar defesas extremadas, na tentativa de manter um mínimo de homeostase emocional, e que isto pode interferir na construção do desejo de um filho (Trachtemberg,2017).
Síntese do caso
O casal chegou bem defensivo. A mulher iniciou falando que foram encaminhados pela médica da clínica para ajudá-los na aceitação de um possível processo de fertilização in vitro. Na consulta inicial com a especialista em reprodução assistida, foi constatada uma baixa reserva ovariana, diagnóstico que já a mobilizou para pensar em tentar uma fertilização, pois sentia-se pressionada pelo seu relógio biológico. Ela tem 39 anos e o marido 42 anos. Para facilitar a comunicação os nomearei ficticiamente de Amélia e João. Ambos são profissionais com boa vinculação com o trabalho e com independência financeira bem construída.
Tentei clarificar mais a demanda e questionei sobre qual a etapa do processo eles teriam mais dificuldade. João se manifestou dizendo: “Não gosto, não quero e não posso ter filhos”.
Comecei a compreender que ele estava ali intimado pela esposa para atender ao desejo dela.
Comentários dos autores
Foram 10 sessões psicoterápicas culminando em uma gestação natural e o relato subsequente da intervenção com o marido para que pudesse integrar em seu universo psíquico o pai que ele não queria ser.
Apresenta-se aqui o conceito de criptas, um luto indizível, mantendo longe da consciência e dos afetos aqueles acontecimentos dolorosos e potencialmente desorganizadores do psiquismo, dentre eles, o desejo de filhos.
Área
Infertilidade conjugal
Instituições
Clinica Humana Medicina reprodutiva - Goiás - Brasil
Autores
PATRICIA MARINHO GRAMACHO