Dados do Trabalho

Título

MOLA HIDATIFORME DECORRENTE DE INJEÇAO INTRACITOPLASMATICA DE ESPERMATOZOIDE TEM MENOR CHANCE DE EVOLUIR PARA NEOPLASIA TROFOBLASTICA GESTACIONAL QUANDO COMPARADO COM MOLA HIDATIFORME DECORRENTE DE CONCEPÇAO ESPONTANEA

Objetivos

Descrever a história natural da mola hidatiforme (MH) decorrente de injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), comparada a MH após concepção espontânea (CE), e sua progressão para neoplasia trofoblástica gestacional (NTG). 

Método

Coorte retrospectiva envolvendo pacientes com MH que engravidaram após CE ou ICSI, acompanhadas no Centro de Doença Trofoblástica Gestacional do Rio de Janeiro, entre janeiro/2000 e dezembro/2020. O desfecho primário foi ocorrência de NTG pós-molar. Os coeficientes de regressão logística foram avaliados pelo teste Wald Chi-Square. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética: CAAE-49462315.0.0000.5275.

Resultados

Dos 4.926 casos de MH incluídos neste estudo: 4.895 ocorreram após CE, e 31 casos após ICSI. Comparando-se MH após CE versus ICSI, houve diferenças em termos de idade materna (24vs.34 anos, p<0,01), idade gestacional no diagnóstico (10vs.7semanas, p<0,01), nível de gonadotrofina coriônica humana pré-esvaziamento uterino (200.000vs.99.000UI/L, p<0,01), ocorrência de sangramento genital (60,5vs.26,9%, p<0,01) e hiperêmese (23vs.3,9%, p=0,02) na apresentação clínica e tempo para remissão (12vs.5 semanas, p<0,01), respectivamente. Após ajuste por idade materna e histologia de MH completa, ambos fatores de risco clínico para maior ocorrência de NTG, a regressão logística multivariada mostrou que MH após ICSI teve razão de chance ajustada de 0,22 (IC 95%:0,05-0,93, p=0,04) de progredir para NTG, sugerindo um efeito protetor, quando comparado a MH após CE. 

Conclusões

MH única após ICSI cursa com menos complicações médicas à apresentação e tem menor risco de evolução para NTG comparada à MH após CE, caracterizando a ICSI como fator protetor para esse desfecho desfavorável.