IX Congresso Brasileiro de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva

Dados do Trabalho


Título

TUBERCULOSE ENDOMETRIAL: UM RELATO DE CASO

Introdução

A tuberculose em sua forma genital é a terceira manifestação extrapulmonar mais comum, afetando cerca de 75% dos casos em pessoas em idade reprodutiva. No entanto, o diagnóstico dessa forma durante o período pós-menopausa é raro e pode mimetizar uma síndrome neoplásica. A tuberculose continua sendo um problema de saúde pública mundial, apresentando um aumento na incidência da forma genitourinária.

Descrição do caso

Mulher, 61 anos, nuligesta, deu entrada no serviço com queixa de sangramento uterino pós menopausa há mais de dois anos. Em seus antecedentes clínicos é portadora de diabetes mellitus, hipertensão arterial, fibromialgia, asma e obesidade grau 3. A paciente foi encaminhada para o serviço com exame complementar de ultrassonografia transvaginal evidenciando espessamento endometrial. Realizado investigação com histeroscopia diagnóstica que mostrou uma cavidade uterina de volume aumentado e irregular com presença de endométrio hipertrofiado difusamente, heterogêneo, do tipo algodonoso e a biópsia endometrial com laudo de processo inflamatório crônico granulomatoso tuberculóide. Optado por realização de ablação endometrial através de histeroscopia cirúrgica e realizado tratamento clínico com esquema terapêutico padronizado para tuberculose após o diagnóstico. A paciente apresentou boa evolução do quadro cessando o sangramento anormal e exames de controle, ultrassonografia e histeroscopia, dentro dos padrões de normalidade.

Relevância

Embora a exclusão de doença neoplásica do endométrio deva ser prioritário na investigação etiológica do sangramento pós menopausa, é importante considerar causas raras, como a tuberculose genital. Estas doenças são curáveis e o diagnóstico precoce pode evitar técnicas invasivas desnecessárias.

Comentários

A tuberculose do trato genital feminino geralmente ocorre por disseminação hematogênica a partir dos pulmões e raramente por disseminação linfática de outros órgãos abdominais. O diagnóstico pode ser feito através de biópsia endometrial ou das trompas e/ou cultura mico bacteriana. O esquema de tratamento é semelhante ao da forma pulmonar.

Referências Bibliográficas

1. Caminero JA, Farga, V. Tuberculosis. 3ª ed. Santiago de Chile: Mediterraneo; 2011.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. CRPHF. Tuberculose multirresistente - Guia de Vigilância Epidemiológica. 1ª ed. Rio de Janeiro; 2007.
3. World Health Organization. Global Tuberculosis Control 2009: epidemiology, strategy, financing. Geneva: Who Report; 2009.
4. Lenk S, Schroeder J. Genitourinary tuberculosis. Curr Opin Urol. 2001;11:93-6.
5. Schaefer G. Female genital tuberculosis. Clin Obstet Gynecol. 1976;19:223–239
6. Arora, V, Gupta R, Arora R; Female genital tuberculosis – need for more research; Ind J Tub2003,50,9-11
7. Sharma JB, Roy KK, Pushparaj M, Kumar S, Malhotra N, Mittal S. Laparoscopic findings in female genital tuberculosis. Arch Gynecol Obstet. 2008;278:359–364
8. Morgan MA, Horstmeier CD, DeYoung DR, Roberts GD. Comparison of a radiometric method (BACTEC) and conventional culture media for recovery of mycobacteria from smear-negative specimens.J Clin Microbiol. 1983;18(2):384-8.
9. Soussis I, Trew G, Matalliotakis I, Margara R, Winston RML. In vitro fertiliation treatment in genital tuberculosis. J Assist Repro Genet. 1998;15:378–80
10. Jindal UN. An algorithmic approach to female genital tuberculosis causing infertility. Int J Tuberc Lung Dis. 2006;10:1045–50

Área

Prêmio melhor poster de Histeroscopia e doenças relacionadas

Instituições

HOSPITAL DA MULHER/ SECONCI - São Paulo - Brasil

Autores

LUÍS FELIPE SOARES GUTIERRES, ERICA TAKAKO MURAMOTO SHIROMA, MYREIA PETRONIO LEITE