Dados do Trabalho

Título

Avaliação Ultrassonográfica de Lesões Endometrióticas em Camundongos

Introdução

O exame de ultrassonografia (US) em mulheres é fundamental para a detecção, avaliação e manejo da endometriose, sendo acessível, não invasivo e dispensando planejamento pré-operatório1,2,3.

Já o modelo experimental de endometriose tem sido adaptado ao longo dos anos e atualmente, o camundongo é considerado um bom modelo, com a cirurgia de indução da doença bem estabelecida. Entretanto, na modelagem tradicional, os animais são submetidos a uma segunda laparotomia para confirmar a presença das lesões, o que causa trauma extra e pode afetar os resultados experimentais4,5.

Objetivos

Avaliar se é possível observar lesões endometrióticas no exame de ultrassonografia em camundongos e entender se os achados são semelhantes aos encontrados em mulheres.

Métodos

Foram utilizadas 14 fêmeas C57BL/6, em dois grupos: controle Sham (n=7) e endometriose induzida (n=7). A endometriose foi induzida pelo transplante cirúrgico de tecido uterino de uma doadora para duas receptoras. O útero da doadora foi dividido em seis fragmentos iguais, com três sendo implantados no peritônio de cada receptora. Após 25 dias, as fêmeas foram submetidas a US no Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (CENABIO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), usando o aparelho Vevo 2100 VisualSonics com transdutor MS550 para gerar imagens bidimensionais em alta resolução. Projeto foi aprovado pela CEUA/UFRJ com protocolo número 144/23.

Resultados

O peritônio de todos os animais com endometriose (n=7) apresentaram imagens com bordas hiperecogênicas, de caráter cístico com conteúdo homogêneo de baixa ecogenicidade, vascularização aumentada em torno das lesões (uso de doppler). Os achados tinham movimento restrito, diferentemente da bexiga. Já os animais controle não apresentaram essas imagens.

Em comparação a mulheres, apenas os achados de adesões, espessamento tecidual e nódulos não foram encontrados.

Conclusões

A ultrassonografia é uma ferramenta útil para estudos com modelo animal descartando a laparotomia exploratória. Ademais, as imagens se assemelham com as encontradas em mulheres.

Referências Bibliográficas

1. Andrade, C. L., Farias, L. F., Dias, J. L., Pereira, R. M., & Castro, M. P. (2019). Transvaginal ultrasound in deep endometriosis: pictorial essay. Radiologia Brasileira, 52(2), 127-133. https://doi.org/10.1590/0100-3984.2018.00117

2. Daniilidis A, Grigoriadis G, Dalakoura D, D'Alterio MN, Angioni S, Roman H. Transvaginal Ultrasound in the Diagnosis and Assessment of Endometriosis-An Overview: How, Why, and When. Diagnostics (Basel). 2022 Nov 23;12(12):2912. doi: 10.3390/diagnostics12122912. PMID: 36552919; PMCID: PMC9777206.

3. Keckstein J, Hoopmann M, Merz E, Grab D, Weichert J, Helmy-Bader S, Wölfler M, Bajka M, Mechsner S, Schäfer S, Krentel H, Hudelist G. Expert opinion on the use of transvaginal sonography for presurgical staging and classification of endometriosis. Arch Gynecol Obstet. 2023 Jan;307(1):5-19. doi: 10.1007/s00404-022-06766-z. Epub 2022 Nov 11. PMID: 36367580; PMCID: PMC9837004.

4. Mattos, R. M., Machado, D. E., Perini, J. A., Alessandra-Perini, J., Meireles da Costa, N. O., Wiecikowski, A. F. D. R. O., Cabral, K. M. D. S., Takiya, C. M., Carvalho, R. S., & Nasciutti, L. E. (2019). Galectin-3 plays an important role in endometriosis development and is a target to endometriosis treatment. Molecular and cellular endocrinology, 486, 1–10. https://doi.org/10.1016/j.mce.2019.02.007

5. Yan, D., Liu, X., & Guo, S. W. (2019). The establishment of a mouse model of deep endometriosis. Human reproduction (Oxford, England), 34(2), 235–247. https://doi.org/10.1093/humrep/dey361