Dados do Trabalho
Título
ABORDAGEM DA TORÇAO ANEXIAL EM GESTANTES: UM RELATO DE CASO
Introdução
A torção anexial é uma condição ginecológica aguda caracterizada pela torção dos anexos ovarianos em torno de seu eixo vascular, levando a isquemia e necrose ovariana [1]. Fatores predisponentes incluem mobilidade intrapélvica, cistos de tamanho moderado e pedículos alongados. Afetando de 1 a 5 mulheres a cada 10.000 gestações é uma emergência médica com elevados riscos materno-fetais [2,3]
Descrição do caso
Este relato descreve paciente primigesta, de 24 anos, com 10 semanas e 4 dias de gestação, que adentrou o Pronto-Socorro com dor intensa e súbita em baixo ventre, sudorese e vômitos. O exame físico revelou abdome doloroso à palpação e sinal de defesa abdominal na fossa ilíaca direita. Ultrassom transvaginal mostrou gestação gemelar dicoriônica-diamniótica, fetos tópicos e vivos, e um cisto ovariano direito de paredes espessas e conteúdo anecóico homogêneo, medindo 11,2x10,8x8,1 cm, sem fluxo em pedículo anexial. Indicada videolaparoscopia por suspeita de torção anexial, e o intraoperatório evidenciou ovário direito necrótico com torção do infundíbulo e ligamento útero-ovárico, resultando em salpingooforectomia à direita. O anatomopatológico confirmou infarto hemorrágico com necrose e tuba uterina congesta. A paciente evoluiu bem pós-operatório, recebeu alta com uso de progesterona via vaginal e seguiu acompanhamento pré-natal até 31 semanas e 4 dias, quando entrou em trabalho de parto prematuro.
Relevância
O caso sublinha a importância de uma abordagem rápida para evitar complicações graves e assegurar a saúde materno-fetal.
Comentários
Entre 10 e 20% das torções anexiais ocorrem durante a gestação, devendo ser consideradas em gestantes com dor abdominal aguda, especialmente no primeiro trimestre, pela presença de cisto de corpo lúteo e maior mobilidade ovariana devido às menores dimensões uterinas. [3,4,5] Diagnóstico precoce e tratamento cirúrgico imediato são cruciais, sendo a videolaparoscopia o procedimento de escolha, a fim de se evitar graves repercussões e garantir o bem-estar materno-fetal [6,7]
Referências Bibliográficas
1. Chang HC, Bhatt S, Dogra VS. Pearls and pitfalls in diagnosis of ovarian torsion. Radiographics 2008;28:1355-68. 10.1148/rg.285075130
2. Bassi A, Czuzoj-Shulman N, Abenhaim HA. Effect of pregnancy on the management and outcomes of ovarian torsion: a population-based matched cohort study. J Minim Invasive Gynecol. 2018;25:1260–1265.
3. Ginath S, Shalev A, Keidar R, et al. Differences between adnexal torsion in 334 pregnant and nonpregnant women. J Minim Invasive Gynecol 2012;19:708-14.
4. Houry D, Abbott JT. Ovarian torsion: a fifteen-year review. Ann Emerg Med 2001;38:156-9. 10.1067/mem.2001.114303
5. Bider D, Mashiach S, Dulitzky M, Kokia E, Lipitz S, Ben-Rafael Z. Clinical, surgical and pathologic findings of adnexal torsion in pregnant and nonpregnant women. Surg Gynecol Obstet 1991;173:363-6.
6. Dvash, Shira; Pekar, Marina; Melcer, Yaakov; Weiner, Yifat; Vaknin, Zvi; Smorgick, Noam (2019). Adnexal Torsion in Pregnancy Managed by Laparoscopy Is Associated with Favorable Obstetric Outcomes. Journal of Minimally Invasive Gynecology, (), S1553465019312105–. doi:10.1016/j.jmig.2019.09.783
7. Hasson J, Tsafrir Z, Azem F, Bar-On S, Almog B, Mashiach R, et al. Comparison of adnexal torsion between pregnant and nonpregnant women. Am J Obstet Gynecol. 2010;202(6):536.e1–6.
Área
Categoria Sylla Matos para o pôster de Obstetrícia
Instituições
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo - Brasil
Autores
GABRIELA BELLINI DE SOUZA, FELIPE SOBOLEWSKI CARNEIRO DE CAMPOS, LUCAS SANCHEZ DOS REIS, BEATRIZ CIBIN BRAGA PETRARCHI, JUNIA COSTA CARVALHO, BRUNA DE ALCOBAÇA CASTELO BRANCO TEIXEIRA, MARINA GEWEHR LEAES, SORAIA DE CARVALHO