Dados do Trabalho

Título

RELATO DE CASO: SEGUIMENTO TARDIO DE TRAUMA PERINEAL COMPLEXO EM VITIMA DE ACIDENTE AUTOMOBILISTICO

Introdução

Lesão do trauma genitourinário não-associados a parto tem uma incidência estimada em <1%, sendo incomum.1. Perda tecidual extensa, feridas com exposição de estruturas especializadas (uretra, ossos) ou presença de necrose e infecção local importante são considerados traumas perineais complexos². O manejo dessas lesões requer conhecimento específico para minimizar sequelas e desfechos indesejáveis, como disfunções sexuais, incontinência urinária e distúrbios miccionais. 3
Este trabalho visa relatar o seguimento de paciente com lesão perineal complexa atendida na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com trauma perineal no ano de 2021.

Descrição do caso

Paciente 20 anos, feminino, vítima de colisão moto-caminhão, com desluvamento em membro inferior direito e lesão perineal complexa. Lesão perineal com uretra íntegra, vagina parcialmente desprendida das estruturas adjacentes, visualizando-se espículas ósseas e dissecção da musculatura do assoalho pélvico. Lesão de >50% do esfíncter anal externo, com esfíncter anal interno e mucosa retal íntegra. Submetida inicialmente a laparotomia exploradora, colostomia protetora, osteotomia de fratura cominutiva múltipla de ossos da pelve, perineoplastia e desbridamento de coxa direita. Após estabilização clínica, revisão de perineoplastia e reconstrução do esfíncter anal externo, sem aproximação de pele e tecido subcutâneo. Consecutivas reabordagens para desbridamento de tecidos desvitalizados e curativos a vácuo, e, posteriormente, submetida a perineoplastia para reconstrução de corpo perineal. Após 50 dias, recebeu alta hospitalar. No seguimento ambulatorial, paciente realizou sessões de fisioterapia pélvica, FRAXX e realizou manometria anorretal. Esse exame mostrou discreta hipotonia do esfíncter anal externo. Devido a possibilidade de reversão da colostomia, procedimento agendado para junho/2024.

Relevância

Traumas perineais complexos não-associados ao parto vaginal apresentam baixa frequência. Ainda é escassa a literatura acerca do tema4. A coordenação do cuidado com equipe multidisciplinar e diversas especialidades médicas é essencial, garantindo melhores resultados.

Comentários

O atendimento e seguimento em hospital quaternário se demonstrou essencial para melhor cuidado da paciente.

Referências Bibliográficas

1. Paparel P, N'Diaye A, Laumon B, et al. The epidemiology of trauma of the genitourinary system after traffic accidents: analysis of a register of over 43,000 victims. BJU Int 2006; 97:338.

2. Ferreira MC, Carvalho VF, Kamamoto F, Tuma Júnior P, Paggiaro AO. Negative pressure therapy (vacuum) for wound bed preparation among diabetic patients: case series. Sao Paulo Med J. 2009;127(3):166-70.

3. Brandes S, Borrelli J Jr. Pelvic fracture and associated urologic injuries. World J Surg 2001; 25:1578.

4. Barreiro GC, Millan LS, Nakamoto H, Montag E, Tuma Júnior P, Ferreira MC. Reconstruções pelveperineais com uso de retalhos cutâneos baseados em vasos perfurantes: experiência clínica com 22 casos. Rev bras cir plást. 2011;26(4):680-4.