Dados do Trabalho

Título

MIOMA PARIDO OU MIOMA CERVICAL? UM CASO DESAFIADOR

Introdução

O leiomioma cervical (LC) é raro e desafiador. Geralmente, o tratamento é cirúrgico e deve-se considerar o risco hemorrágico e a lesão de órgãos adjacentes. A taxa de complicações como lesão vascular e vesical, perfuração uterina e infertilidade pode chegar a 5,6%. Entretanto, a literatura é escassa para determinar a modalidade e via de acesso ideal. A experiência do cirurgião é imprescindível nessa escolha.

Descrição do caso

Paciente nuligesta, com sangramento uterino anormal agudo e massa projetada através do orifício cervical, medindo aproximadamente 7cm, sugerindo leiomioma parido ao USG-TV. Ao exame físico, identificada massa sólida exteriorizando-se pelo orifício externo do colo com base ocupando parede anterior do colo sem plano de clivagem ou identificação de pedículo. Realizada histeroscopia diagnóstica inicial. Cavidade uterina normal, canal cervical com presença do mioma em parede anterior de terço distal do mesmo, caracterizando LC. Optado por miomectomia cervical via vaginal, usando tesoura e energia monopolar. Na ressecção final, identificou-se perfuração na parede anterior do colo uterino, dando acesso ao espaço vesicouterino ao toque. Cistoscopia com ausência de lesão vesical. Realizada conversão laparoscópica e identificado hematoma em fundo de saco anterior com peritônio de prega vesicouterino íntegro. Identificada perfuração com abertura de 180º do colo uterino. Realizada colporrafia da lesão em 2 planos. Pós-operatório sem intercorrências e anatomopatológico compatível com leiomioma.

Relevância

É fundamental reconhecer os diagnósticos diferenciais das massas cervicais, principalmente no contexto de urgência ginecológica, e compreender a importância do tratamento cirúrgico cauteloso do LC para reduzir o risco de complicações e preservar a fertilidade.

Comentários

É necessário exame físico detalhado e boa avaliação ultrassonográfica em suspeita de miomas paridos para identificação correta da base. Apesar de raro, o LC exige conhecimento da anatomia pélvica. Mais estudos são necessários para comparar modalidades e vias cirúrgicas de tratamento para esse tipo de mioma.