Jornada de Obstetrícia e Ginecologia da Santa Casa de São Paulo

Dados do Trabalho


Título

EFEITOS DA CORTICOTERAPIA ANTEPARTO NA PREMATURIDADE ENTRE 34 E 37 SEMANAS

Objetivos

Elucidar as implicações da indicação de corticoterapia na prematuridade tardia.

Métodos

A metodologia empregada utiliza produções científicas, mediante revisão de literatura em bases de dados online, como PubMed, Scielo e Lilacs, publicadas entre 2016 e 2020, até maio de 2023.

Resultados

As evidências atuais recomendam ciclo único de corticoides entre 24 e 33 semanas e 6 dias, com intuito de reduzir a morbimortalidade, decorrente de complicações neonatais. Entre 34 e 36 semanas e 6 dias, o estudo Maternal Fetal Medicine Units (MFMU) constatou redução da necessidade de reanimação neonatal e complicações respiratórias com uso de betametasona, em situações de alto risco para trabalho de parto prematuro, sem corticoterapia prévia. Outros estudos, Obstetrics Clinical Outcomes Assessment Program (OB COAP) demonstraram que dois terços dos recém-nascidos com complicações respiratórias e que poderiam se beneficiar da indicação de esteroides nasceram entre 34 e 35 semanas. Em contrapartida, acima de 36 semanas as diferenças entre potencialmente elegíveis e inelegíveis para corticoterapia foram irrelevantes, provavelmente devido à proximidade com termo, não justificando a indicação de esteroides. Ademais, comumente a hipoglicemia neonatal está associada ao uso de corticoides e podem haver efeitos a longo prazo após exposição pré-natal. Dos partos prematuros, aproximadamente 70% ocorrem entre 34 e 36 semanas e 6 dias, portanto, um uso rotineiro de corticoides poderia expor grande porcentagem das gestações pré-termo aos efeitos do medicamento. O estudo Antenatal Late Preterm Steroids (ALPS) também apresentou redução da necessidade de suporte ventilatório e morte neonatal com administração de esteroides na prematuridade tardia, no entanto, 35 fetos precisariam ser tratados para prevenir um caso.

Conclusões

Não há evidências científicas robustas para apoiar a indicação de esteróides na prematuridade tardia. Desse modo, requer-se estudos extensos, tendo em vista o aumento da população exposta à corticoides intraútero e a escassez de dados sobre efeitos adversos a longo prazo.

Área

Categoria Sylla Matos para o pôster de Obstetrícia

Instituições

Hospital Universitário Júlio Muller - Mato Grosso - Brasil

Autores

ANA JULIA LEHMKUHL, Ana Flávia Schavetock Vieira, Caroline Warpechowski Lazaroto, Giordana Isabela Siqueira Callegaro, Kamila Barbosa Cortes Borges